terça-feira, 21 de julho de 2015

From the light across

It lasted all trough the gruesome month of faculty exams. I lit one up.

Durou durante toda a terrível época de exames. Pausa cigarro à janela. No prédio ao lado, talvez no 3º ou 4º andar a contar de cima. Lá estava ela também. Pausa cigarro, também, ou apenas conversa ao telemóvel. Quase sempre já tarde à noite. Antes da madrugada vir estragar com a sua luz o mistério dessas visões. Nunca tive mais que o vislumbre de uma bela e feminina silhueta, uma sombra em contraste com a luz da sua janela. Cabelo um pouco abaixo dos ombros. Maneirismos de mulher, não de menina. Vi ansiedade e ralaxar nessas aparições, mas sobretudo, dia-a-dia. Quem serás tu menina do cigarro noctívago?

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Why is it ok?

Porque é que é natural, ou pelo menos normal, na rua, no espaço público, literalmente neste caso, quando alguém tem um cão ou uma criança, idealmente um bébé, interagir, afagar, falar com aquela vozinha de criança que mais vezes do que menos serve mal em adultos? Porque é que com esse "tipo" de ser vivos é normal, de norma, a roçar o normativo, e não o é, por exemplo com alguém que está a levar uma planta para algures? Ou com a namorada de alguém?

Ex.: (a ler com aquela vozinha supracitada) Olha que menina mais boa! E que corpinho melhor esculpido! E que belas mamas! Sim senhor! Quem é a gaja boa? Quem é a gaja boa? Es tu! Es tu!

Juro que não entendo porque é que essa interacção com pessoas ou animais desconhecidos é favorecida em detrimento de outra qualquer..

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dúvidas Matutinas 1ª

O gajo que canta aquela música que diz no refrão: "why does it always rain on me?", creio que é REM mas não tenho a certeza nem vontade de pesquisar. Na letra, ele chega a descobrir porque é que só chove em cima dele?

É que hoje, pela minha janela está sol. Mas a previsão diz "sol enovelado" (de supôr que é sol em forma de novelo) com 30% de hipóteses de chuva e eu não queria molhar-me, daí a conclusão do homem poder ser uma ajuda valiosa para o meu dia de hoje. Se os meus dois leitores e meio me conseguissem esclarecer, gratidão para todo sempre.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Porto Invicta Eterna

Porto. Cidade azul.
Porto, amistosa cidade.
Brejeira e carinhosa.
Foz e ribeira
que se reconciliam na baixa nocturna.
Acolheste-me.
Apresentaste-me a tua cara académica,
o teu Piolho.
Gostei.
Mostraste-me os teus dias soalheiros,
na esplanada do palácio ou no mar da Foz.
Apreciei.
Presenteaste-me com as tuas gentes.
Apaixonei-me.

Aclimatei-me a ti, e tu a mim,
de algum modo.

Es mulher.

Amo-te mesmo quando choves.
Gosto-te,
mesmo quando as poças da pedonal cedofeita me dizem o contrário.
Hoje choves.
Não estejas triste.
Algum dia nos havíamos de despedir.

Chuva

Tempo execrável. A música põe-se o mais alto possível. Os vizinhos vem bater à porta. Queixam-se. Tentei explicar que era a única maneira de lutar contra a chuva e o céu escuro. O argumento não os sensibilizou. Então sento-me. Então desespero.

Preferem a chuva.

Vazio

Silêncio reconfortante.
Silêncio angustiante.
Silêncio de terror.
Silêncio sabedor.
Música sem som.
Acalma-me a alma.


Deixar-se penetrar pelo silêncio.
Escutá-lo. Respeitá-lo. Amá-lo.
Encontrar-se nele.
Desfrutá-lo. Acompanhá-lo. Estimá-lo.
Esquecer-se nele.
Deixar-se levar por ele.

Palavra abusada, considerando seu teor. Deixo-te ao que es.

Amistad

Sa passion ne crée pas les mêmes poèmes.
Malgré sa beauté, malgré da pureté.
L'amitié.

A sua paixão não cria os mesmos poemas.
Apesar da sua beleza, apesar da sua pureza.
Amizade.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Moralité

"Il est dangereux de mal faire pour faire le bien."

in "Fortune de France - La violente amour" de Robert Merle, p. 502, Éditions Livre de Poche.

Jornalismo e Escrita Criativa (Habemus Papam)

http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-mundo-catolico-entre-a-surpresa-a-tristeza-e-a-esperanca-1584188

Não é o melhor exemplo para o título empregue, verdade. Todavia, é criativo. Ora vejamos. Estar entre duas coisas é fácil. Existe um extremo de um lado e outro do outro e a pessoa, indivíduo ou ideia estará entre ambos. Pode estar mais perto de um dos extremos, pode estar mais perto de outro, mas estará entre ambos, ipso facto.

Agora, estar entre três paradigmas ou conceitos, como preferirem, já requer o seu quê de imaginação. A/O jornalista da AFP titula categoricamente: "Mundo católico entre a surpresa, a tristeza e a esperança". Assumindo um esquema linear sugerido pela ordem indicada, temos num dos extremos: a Surpresa, no pólo oposto: a Esperança e algures no meio a tristeza. A minha dúvida é: várias..

Vou recomeçar, estaremos perante uma posição que sugere um esquema triangular, equilátero, para ser mais específico, em que o católico estará numa coordenada qualquer no interior da área do triângulo das emoções sugeridas? Em que cada um dos vértices representa as emoções supracitadas?

A minha confiança no jornalismo actual é muito pouca. A minha Fé na criatividade, imensa.

Le Roi est mort.Vive le Roi!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Irritantices II

Quando estás numa biblioteca a estudar e a idiota à tua frente está a teclar no computador como se pretendesse magoar as teclas do teclado. Juro que há letras que ela parecia querer matar!

sábado, 6 de outubro de 2012

Irritantices I

As torneiras dos lavabos públicos cuja tubagem é tão curta que é IMPOSSÍVEL lavar as mãos sem as esfregar copiosamente na porcelana da pia.

Porquê?!?

Tinham um modelo para crianças, não resultou, e estão a tentar esgotar o stock acumulado? São anões que fazem o design dessas torneiras? Quem é responsável por aquelas estúpidas torneiras? E estão por todo o lado! Aposto que é o modelo mais vendido! Então os administradores das fábricas pensam: "Vamos fazer mais! Estão a vender tão bem!" E o ciclo perpetua-se indefinidamente!..

A sério... Ridículo!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Crises


"- Asneiras! [...] Tudo às claras, e só para o aumento dos salários... Deixem-me em paz, com a vossa evolução! Ateiem fogos aos quatro cantos das cidades, ceifem os povos, e quando não sobrar nada deste mundo podre, talvez cresça um melhor."

"– Des bêtises ! [...] Tout au grand jour, et uniquement pour la hausse des salaires... Fichez- moi donc la paix, avec votre évolution ! Allumez le feu aux quatre coins des villes, fauchez les peuples, rasez tout, et quand il ne restera plus rien de ce monde pourri, peut-être en repoussera-t-il un meilleur."

Partie 3, Chapitre III, Germinal de Émile Zola

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

História descritiva, não história explicativa

"Une locomotive est en marche. On demande: pourquoi marche-t-elle? Un paysan dit: c'est le diable qui la fait avancer. Un autre dit: la locomotive marche parce que les roues tournent. Un troisième: la cause du mouvement est dans la fumée qu'emporte le vent.

La réponse du paysan est irréfutable: on ne pourrait la réfuter qu'en lui démontrant que le diable n'existe pas, ou qu'un autre paysan lui prouve que ce n'est pas le diable, mais un Allemand qui fait marcher la locomotive. Alors seulement la contradiction leur fera voir que tous deux ont tort. Mais celui qui dit que la cause est le mouvement des roues se réfute lui-même, car s'il s'est engagé sur le terrain de l'analyse, il doit aller toujours plus loin: il doit trouver la cause du mouvement des roues. Et jusqu'à ce qu'il arrive à la dernière cause de la marche de la locomotive, à la vapeur sous pression dans la chaudière, il n'aura pas le droit de s'arrêter dans la recherche des causes. Quant à celui qui a expliqué le mouvement de la locomotive parce que le vent emporte la fumée en arrière, voyant que les roues ne fournissent pas la cause, il s'est saisi du premier signe venu et l'a cité comme cause.

La seule notion qui puisse expliquer la marche de la locomotive est celle d'une force égale au mouvement visible.

La seule notion susceptible d'expliquer le mouvement des peuples est celle de la force égale au mouvement total des peuples.

[...]

Tant qu'on écrira l'histoire des individus - des César, des Alexandre, des Luther ou des Voltaire - et non pas l'histoire de TOUS les hommes, de TOUS ceux, sans une seule exception, qui ont participé à l'événement, il est impossible de décrire le mouvement de l'humanité sans faire appel à la notion d'une force qui oblige les hommes à diriger leurs activités vers un seul but."


in "Guerre et Paix II" de Léon Tolstoï, folio classique, Ed. Gallimard

sábado, 15 de setembro de 2012

Porque é que hoje vou passar o aspirador


Porque é que hoje vou passar o aspirador e arrumar as capas.

Hoje, por volta das 17h, várias cidades do país serão palco de manifestações de protesto. O slogan ou a frase chave é: "Que se lixe a troika, queremos as nossas vidas de volta".

Hoje, não irei manifestar-me. Não que tenha a ilusão que os motivos possam interessar alguém, mas preciso de explaná-los, por escrito, por mim, para mim.

Acredito na manifestação como uma poderosa ferramenta política. Não a desdenho, nem olho para ela com sobranceria. Creio que ela serve de alavanca para fazer avançar uma causa e daí o seu timing e a sua liderança serem sempre cruciais para o seu sucesso.

A manifestação de hoje é uma manifestação de protesto. Não defende nenhum caminho alternativo específico ou defende tantos que é como se não defendesse nenhum. Outra vez, as manifestações de protesto são úteis e tem a sua razão de ser. Pessoalmente, prefiro gritar por algo do que apenas contra algo. É uma preferência pessoal e em nada interfere com a utilidade que vejo nas manifestações de protesto, no seu papel crucial para revoluções e evolução.

Hoje não me vou manifestar. Mas também não vou ficar em casa ou ficar no sofá. Estas invectivas tem sido usadas para injuriar, ou pelo menos desconsiderar, os que não se irão manifestar hoje. Não concordo. Para além de me parecer demagogia barata, creio que é profundamente contra-producente se o objectivo é convencer os indecisos a manifestarem-se também. Para além de ter um travo de extremismo e intolerância nada agradável. A lógica do “ou estás comigo ou estás contra mim” carrega uma carga demasiado negativa para ter efeitos benéficos.

A mudança e a evolução fazem-se pela união. Considero tão censurável o discurso que condena quem hoje não se irá manifestar como o que critica quem o irá fazer. Soa tão mal ao meu ouvido o “vai mas é trabalhar preguiçoso” como o “se isto não muda é por culpa de pessoas como tu que ficam em casa”. Se o debate e a troca de ideias é saudável, criar divisões não faz avançar nenhuma causa. Para que esta sociedade evolua, para que este país se torne num sítio melhor para se viver são tão essenciais os que hoje estão na rua como os que não estão. Ambos são fundamentais para a mudança e, só com ambos, ela acontecerá. Não entender isto, é não perceber que dão mais jeito duas mãos para construir uma casa que só uma. 

Claro que o estado da política nacional é lastimável, e também, já agora, o da Saúde, o da Educação e o da Justiça. Mas vejo tanto de certo e de errado quando olho para a massa dos deputados na Assembleia da República como quando olho para mim, para nós, para a massa do Povo. Acredito que eles apenas nos espelham. Eles somos nós. Isso frustra-me e irrita-me e acredito que boa parte do que motiva, tanto os manifestantes como os que não se irão manifestar, é essa frustração. Os defeitos deles, são os nossos.
Entre um professor que deixa copiar nos seus exames, um aluno que assina por outro uma presença, um empresário que não paga impostos e um político que usa de compadrio e favorecimento, não distingo diferença de comportamentos, não distingo diferença de valores, não distingo diferença de moralidade, apenas, eventualmente, uma nuance no impacto do acto. Só. Mais nada. É nesse sentido que estou perplexo. Manifestarmo-nos contra os políticos, ok. Mas, e porque não contra os estudantes que copiam?

Não acredito que sejamos melhores ou piores que outras sociedades ou outras nações. Penso que iniciámos um vício e agora não conseguimos sair dele. Acredito que algures na história, não sei onde, não sei quando, perdemos a noção que as instituições foram criadas por nós e para nós, para vivermos melhor em conjunto, em sociedade. Não contra nós. Não nos foram impostas.

Algures no tempo, num momento qualquer, alguém não pagou impostos e quem testemunhou em vez de raciocinar: "isto está errado, ele não paga impostos logo está a roubar-me, tenho de fazê-lo ver razão ou então denunciá-lo, ele está a prejudicar-me a mim, aos meus filhos, aos meus vizinhos, etc." pensou: "ele não está a pagar, fica com mais dinheiro, se eu fizer o mesmo, também fico" e esta lógica  imperou e alastrou de tal maneira que os valores foram subvertidos. Honestidade tornou-se sinónimo de papalvice e trapacearia de inteligência. Enquanto esta lógica não for invertida, é indiferente a cor política dos governos, é indiferente o número ou o tamanho das manifestações, é indiferente a existência de crises económicas e financeiras internacionais, nós, estaremos sempre em crise.

Mea culpa. Na comunidade onde estou inserido podia ter-me manifestado muito mais. Na faculdade, no município e outros testemunhei actos questionáveis. Podia e devia tê-los denunciado. Ainda tentei, mas pouco. Muito pouco. 

Acredito que o impacto para a evolução do nosso país e da nossa sociedade se fará melhor, mais rapidamente e até talvez unicamente, se a manifestação ocorrer no dia-a-dia, no local de estudo, no local de trabalho. Em prol da correção das ilegalidades e das amoralidades, no respeito da divergência de opiniões e na intolerância da desonestidade, sejam quais forem as consequências pessoais.

Hoje não vou manifestar-me na rua. Eis o que vou fazer: tentar, pelas minhas acções e comportamentos, ser exemplar. Viver de acordo com os valores humanistas que norteiam as sociedades, honestidade, tolerância, respeito do próximo e tornar-me a melhor pessoa que consiga. Denunciar e se possível corrigir as situações à minha volta que gritem injustiça ou incompetência.

Isso será, para já, o meu acto de manifesto. Não tenho a ilusão de o conseguir mas esforçar-me hei nesse sentido. Sei que irei errar mais que muitas vezes, mas tenho a certeza que este tipo de manifestação é tão ou mais necessário que a manifestação de protesto de hoje e, para já, será o tipo que adoptarei. Talvez mais para a frente, quando o momento me parecer mais oportuno, desça à rua com o meu cartaz e os meus pulmões.

Hoje não vou ficar em casa por preguiça. Hoje não vou ficar em casa no sofá. Hoje vou arrumar a casa, passar o aspirador e ordenar capas e papelada que o ano lectivo já começou.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Que reste-t-il?

La vie ne s'achète pas. Elle se défend, comme disait Madame Rosa. Seulement, même la défense, si défense il y a, s'avère un fruit amère qui irrite la gorge et se termine en vomissure. Que de tentatives frustrées. Que de défis relevés sans rien après. Que d'énergies gaspillées. Que reste-t-il lorsque tout fût tenté? Que reste-t-il? Le silence.

Zut

Os momentos desencontram-se. É próprio deles. Se eu soubesse de antemão, faria-os coincidirem. Mas não sabia. Como me pode ser imputado culpa do que eu desconhecia? Não é. Mas quem paga sou eu. O meu sorriso morre por acasos. A minha felicidade murcha por culpa do acaso. Quem es tu acaso ou sorte para me punir assim? Que mal te fiz eu? Raios te partam acaso de merda. Vai para bardamerda. Os casos e acasos fazem-se e desfazem-se por conta de uma força que me escapa e são eles que definem. Por alma de quem? Grito e soluço no escuro da noite que fica sempre sem resposta. Dúvida eterna mas nem por isso descomplicada.

Quando as trevas tomam conta da vida. Quando a pergunta fica invariavelmente sem resposta. Quando isto é assim e pronto, o porquê é fraco, o porquê é constante, o porquê mata. Último folgo de uma esperança enterrada. Último sobressalto de uma vida passada. Morre e desaparece, que a tua visão me enjoa.

Rien

Que fiz eu com as horas?
Que fiz eu com os dias?
Foram passando,
Não dei conta.

Foram-se gastando
Não dei conta.
E agora, encontro-me,
perante...
E nada.

Que fiz eu?
Nada.
Et les secondes s'égrènent
Et persistent,
je ne vaut rien.

Vida madrasta,
Não me avisaste.
Os momentos são determinados.
As épocas tem destino.

Mas eu não sabia.
Deixei-os passar.
E agora,
Nada.